domingo, 15 de janeiro de 2012

O Que Sempre Soube das Mulheres

Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. 
Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho.
Escrevem que se desunham.
Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. 
Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores.
Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. 
Perdoam facilmente, mas nunca esquecem.
Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar.
Têm uma capacidade de entrega que até dói.
São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. 
Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende.
Têm dias. Têm noites.
Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível.
Inventaram o telemóvel ao volante.
São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. 
Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas.
Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-se mesmo inocentes.
Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem.
Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes.
Não compreendem nada. Compreendem tudo.
Sabem que o corpo é passageiro.
Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor.
Não são de confiança, mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens.
São tramadas.
Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca.
A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar.

E é tudo.
Ah, não, há ainda mais uma coisa. 
Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco. 


Rui Zink, in “Jornal Metro”